porque viver é irremediável

mulher barriguda que vai ter menino

qual o destino

que ele vai ter?

que será ele

quando crescer?

haverá guerra ainda?

tomara que não, 

mulher barriguda,

tomara que não...

Amor de Índio

coabitação

debaixo de uma luz
de abajour
sobre um banco
sob livros

a cena.

fundo parede escarlate
retalhos de vovó
costurando com leveza
nossos dias
repintados
cozidos
ensopados
deslizantes e fritos
fogo brando
fogo alto
sob cada gota;

invisíveis soluções
gotejadas dia a dia:
temos uma bacia.

mas iremos
até onde?

do meu bem

Qualquer coisa do tempo.

ladeira a baixo - labirinto a dentro

Qualquer coisa de velho.

marrom - amarelo

Qualquer coisa de mim - do outro - de mim.

um eterno e melancólico jogo de raquetes.

[Diego Sá]

foto Lidiane Lobo - L a d e i r a - Ouro Preto MG

Ana C. nossa de cada dia

Não tenho ideias, só o contorno de uma sintaxe (= ritmo).

(trecho de Inéditos e Dispersos)

incorrespondência

nada por aquilo:
todos os dias voltava
relia
todos os toques
todos os loucos
todos os fatos
todo o enfado
medonho
a correspondência chegava
errada
ou vazia
então seguia-se naquele diálogo
num avesso de linguagem
de anti gestos e palavras

publicação

Acabo de conhecer a Revista Literária Um Conto. Projeto interessantíssimo tocado por uma galera de Juiz de Fora. Uma folha A4 dobrada, com Literatura dentro, circulando por aí... Gostei da ideia. Vai ter coisa minha figurando na edição de abril...